quarta-feira, 18 de maio de 2011

A igreja e o descanso do coração

Fiquei pensando um pouco sobre meu post de ontem.

Para uma certa parcela de nossa sociedade, o post é válido. São aqueles que conseguem tocar a vida, mesmo que na corda bamba, com alguma "facilidade". Normalmente, identificados como classe média.

Mas, pensei, e a grande parcela de nossa população? Gente que não tem a menor escolha. Para esses não é uma questão de "necessidades fabricadas pela propaganda". Não. Para esses o negócio é comida, aluguel, transporte, roupas. Aquilo que a constituição, de forma até meio cínica, diz:

"Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 64, de 2010)

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
(...)

IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;"

O que então, como igreja, temos a ver com isso?

Em tempos como os nossos, eu não tenho dúvida que vou parecer fora do contexto. Até um pouco sonhador, ou louco. Cá entre nós, eu vou até gostar se isso acontecer :-)

Vamos dar uma olhada no primeiro exemplo, se não me engano, de ofertas no Novo Testamento:

"Naqueles dias, desceram alguns profetas de Jerusalém para Antioquia, e, apresentando-se um deles, chamado Ágabo, dava a entender, pelo Espírito, que estava para vir grande fome por todo o mundo, a qual sobreveio nos dias de Cláudio. Os discípulos, cada um conforme as suas posses, resolveram enviar socorro aos irmãos que moravam na Judéia; o que eles, com efeito, fizeram, enviando-o aos presbíteros por intermédio de Barnabé e de Saulo.
(Atos 11:27-30)"

Não se faz Teologia, não se extrai doutrina do livro de Atos, diz a boa regra da hermenêutica reformada.

Então, vamos dar uma olhada no seguinte texto, muito usado em algumas igrejas no momento da coleta das ofertas:

"Porque, se há boa vontade, será aceita conforme o que o homem tem e não segundo o que ele não tem. Porque não é para que os outros tenham alívio, e vós, sobrecarga; mas para que haja igualdade, suprindo a vossa abundância, no presente, a falta daqueles, de modo que a abundância daqueles venha a suprir a vossa falta, e, assim, haja igualdade, como está escrito: O que muito colheu não teve demais; e o que pouco, não teve falta.
(2Co 8:12-15)"

Eu vou ser o mais direto que eu posso: Em um país como o nosso - sendo mais honesto, em um mundo como o nosso - onde uma quantidade enorme de irmãos não tem o suficiente para comer, como podemos conviver com a fartura em nossas casas?

Sim, porque onde falta até saneamento básico - sendo direto de novo: o cocô corre a céu aberto - ter um banheiro em casa é fartura. Imagina dois, três. Onde falta uma refeição completa por dia, poder comer três refeições, mesmo que arroz com feijão, é fartura. Imagina então, jantar toda a semana em bons restaurantes.

Eu e você fomos criados em uma sociedade que está longe, muito longe, de ser cristã na forma ensinada no Novo Testamento. Na verdade, se formos dar uma olhada no Antigo Testamento, veremos que somos ensinados sobre o cuidar do próximo por toda bíblia:

"Seria este o jejum que escolhi, que o homem um dia aflija a sua alma, incline a sua cabeça como o junco e estenda debaixo de si pano de saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aceitável ao SENHOR? Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo? Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante? Então, romperá a tua luz como a alva, a tua cura brotará sem detença, a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do SENHOR será a tua retaguarda; então, clamarás, e o SENHOR te responderá; gritarás por socorro, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o dedo que ameaça, o falar injurioso; se abrires a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita, então, a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia.
(Isa 58:5-10)"

"Aborreço, desprezo as vossas festas e com as vossas assembléias solenes não tenho nenhum prazer. E, ainda que me ofereçais holocaustos e vossas ofertas de manjares, não me agradarei deles, nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais cevados. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas liras. Antes, corra o juízo como as águas; e a justiça, como ribeiro perene.
(Amós 5:21-24)"

É isso o que aprendemos? Não! Aprendemos, desde pequenos, a sermos os melhores, a buscarmos o melhor, a estarmos nos primeiros lugares. Porque a competição é ferrenha. O meu companheiro de faculdade, assim como meu amigo de bola de gude, vai se tornar meu concorrente no mercado de trabalho.

Nesse mundo, não há espaço para medíocres - medianos. Eu fico me perguntando quando ouço isso, e dentro de igrejas, se as pessoas sabem fazer contas. Não existe possibilidade de não existir médias. Quando nos dizem que não podemos ser medíocres, estão dizendo que todos seremos "cabeça e não cauda", que todos seremos "os melhores". Mas, nesse mundo, qual é a média - ser mediano?

Bem, voltando ao ponto. Em um país de desigualdade de condições como o nosso, igrejas "ricas" não deveriam existir. Se eu for bíblico de verdade, minha alma não pode descansar enquanto eu souber que existe algum irmão em Cristo, esteja ele onde estiver, vivendo em condições de miséria.

O pior é que, na maioria das vezes, não haveria necessidade de pensarmos nos "irmãos do nordeste". Basta olhar na janela de nossas igrejas, e vamos ver a cara da miséria, seus dentes rindo para cada um de nós, na forma dos barracos nos nossos morros. Ou dos barracos debaixo de nossos viadutos.

Assim, como podemos ser igreja cristã e convivermos com isso sem o menor problema? Como podemos andar em nossos carros com ar condicionado enquanto nossos irmãos se espremem nas conduções coletivas?

Estou dizendo que não podemos vencer na vida? Que não podemos dar uma educação da melhor qualidade para nossos filhos? Que não podemos curtir nossas férias? Que não devemos tentar sempre fazer o melhor?

Não. De forma nenhuma.

Devemos fazer tudo isso, mas com a motivação certa. 

Estou dizendo que, dadas as nossas condições como nação, temos que diminuir um pouco nosso nível, se necessário, para que nossos irmãos na fé possam ter o mínimo. De novo, Paulo aos coríntios: "não é para que os outros tenham alívio, e vós, sobrecarga; mas para que haja igualdade".

Também não estou afirmando que a tarefa é simples, que dá para vivermos isso da noite para o dia. Tem muita gente (é isso só dá em "gente") que é encostada mesmo, que não quer nada. Mas tem gente que não teve as chances que eu e você - que pode me ler em um computador com acesso a Internet - tivemos. O que eu creio, e fortemente, é que essa é A tarefa da nossa geração. Pensar sobre isso. Pensar de novo. De novo. E agir, agir, agir!

Assim, até os mais pequeninos entre nós poderiam experimentar um Shabath como o que escrevi, por alto, ontem.

Como então poderíamos agir?

Isso é assunto para começarmos a pensar em um próximo encontro/post.

terça-feira, 17 de maio de 2011

O tempo que passa, a vida que corre, e o coração que deve descansar.


Eu acordo pra trabalhar. Eu vivo pra trabalhar. Marcos e Paulo Sérgio Valle

Creio não ser necessário uma pesquisa muito apurada para afirmar que estamos em tempos muito, muito corridos. Muito trabalho, muita atividade, muita informação. Muito tudo. 

Quer dizer, quase tudo. 

Nos falta descanso.

Não apenas um descanso físico. Sem dúvida, esse é um descanso completamente necessário. Mas precisamos, acima de tudo, de um descanso do coração, que vem batendo acelerado durante muito tempo.

Nossa urbanização concentrada, por exemplo, cria um tipo de vida que não ajuda ao descanso. Moramos cada vez mais longe dos nossos postos de trabalho. Custo de vida alto, especulação imobiliária, concentração das empresas em alguns lugares estratégicos, são alguns dos fatores dessa concentração. 

Além disso, nosso sistema de transporte e trânsito, nas grandes cidades principalmente, está falido, ou prestes a falir. A facilidade de crédito tem permitido que mais pessoas tenham acesso a um automóvel. Isso é bom, sem dúvida. Melhor qualidade de vida, melhor auto estima, uma vez que o automóvel ainda é visto como “status”. Por outro lado, as nossas cidades não conseguem se adaptar em tempo hábil. Por falta de recursos, alguns dizem. Por falta de administração competente, dizem outros. O que importa é que as ruas não crescem na mesma medida que a produção e consumo de automóveis.

O sistema de transporte coletivo...Bem, se você já precisou usar um ônibus nos horários de rush, não vai precisar de nenhuma descrição minha para entender o problema. Mas eu posso resumir: Uma falta de respeito pelo trabalhador, pelo ser humano, que movimenta a máquina econômica desse país.

Juntando tudo isso – urbanização concentrada, transporte público e trânsito caótico – o que temos é uma vida no automático e sem tempo. Como diria Herbert Vianna: “Eu acordo pra trabalhar, eu vivo pra trabalhar”. Se não me engano, os estudos de Marx já falavam em uma alienação do trabalhador. Não sei se é nesse sentido Marxista – algo em que definitivamente eu não sou especialista – mas estamos cada vez mais alienados. De nossas famílias, de nossas comunidades – se é que ainda nos sentimos participantes de uma comunidade – de nós mesmos. E de Deus.

Nesse processo, a automatização das vidas, como não podia deixar de ser, gera autômatos, robôs.

Hoje, quando olhei ao redor, e para dentro de mim, eu senti um cansaço azedo, com cheiro de peixe estragado e de cor negra. Analisei, rapidamente é claro, meu dia a dia e fiquei com uma sensação de burrice enorme.

Sim, burrice.

Porque só pode ser burro quem corre atrás de tudo e não tem tempo para a família. Só pode ser burra alguém que vê a filha crescer a 1000 por hora e não acorda para isso. Só pode ser burro quem se dedica tanto ao trabalho que não tem tempo para conversar com a esposa no fim do dia, e contar suas histórias, dar risadas, sem pressa para o dia seguinte.

E só pode ser completamente burro alguém que não separa um bom tempo para conversar com Aquele que se disse Deus e que morreu pela humanidade. Não apenas isso: ressuscitou! Como muitos já disseram, ou Jesus é um mentiroso completo, ou é Deus. Não tenho dúvida de que a história mostra que Ele não mentiu.

Não vai ser fácil – mudanças verdadeiras nunca são – mas precisamos dar um basta na urgência falsa desse dia a dia louco. Pode ser que custe alguma coisa no nosso salário, na nossa posição. Pode ser que custe até mais. Me parece, entretanto, é que estamos vivendo em um ciclo auto alimentado. Ou melhor: alimentado por uma indústria de propaganda que usa todas as armas para criar em nós algumas "necessidades" que nunca deveriam ser classificadas como "necessárias". Realmente precisamos de tanto assim?

O que me perguntei hoje, nessa breve análise é: O que é mais importante? O que é realmente importante para mim?

O que é realmente importante para você?

sábado, 14 de maio de 2011

Aceitando os cabelos brancos

O tempo da faculdade é um dos tempos mais interessantes de nossas vidas. Uma mudança de realidade. A sensação que tinha - e lá se vão quase 20 anos - era de um frescor tão grande. E, ao mesmo tempo, a certeza de que nada seria como antes, que agora as coisas eram comigo, e não mais com meus pais.

Mais legal ainda, é poder, nesses tempos de internet e redes sociais, manter contato, mesmo que virtual, com uma boa parte dos amigos dessa época. 

Eu participo de um grupo desses. Vários dos colegas de turma da ciência da computação do segundo semestre de 1990 da UFF participam comigo de uma lista de discussões, onde podemos saber como vai a vida, de quem está perto e de quem está longe.

Essa semana a lista se movimentou. Alguém enviou para o grupo algumas fotos daqueles dias iniciais e foi uma nostalgia impressionante. Confessei, no grupo, que "me ver" 20 anos depois foi tão especial que cheguei a sonhar com aquele tempo.

Um dos trend topics de hoje, 14/05/2011, no twitter, é sobre um programa no SBT falando dos trinta anos de emissora. É interessante perceber essa mesma nostalgia nos comentários das pessoas: "Aquele desenho",   "Aquela música".

Eu não sei se o que ocorre é que olhamos para trás e lembramos dos nossos sonhos, nossos ideais e  percebemos que alguns sonhos se realizaram, outros não. Que alguns ideais não continuaram fortes em nós como a gente gostaria.

Pode ser, quem sabe, que o problema não é quem nós éramos, mas quem nós nos tornamos. As responsabilidades e as relações profissionais nesse mundo competitivo, formaram homens e mulheres que perderam um tanto daquele vigor e paixão juvenil, onde o outro era apenas meu colega e não um potencial concorrente.

Algumas coisas realmente não faziam sentido, a não ser para aquele garoto com 20 kg a menos, e ficaram por lá.

Mas outras não. Poderiam muito bem estar presentes agora, porque faziam muito bem a alma. Nada deveria ter tirado isso de nós. A paixão pelo novo. A confiança no outro. A amizade que surgia fácil, sem barreiras. A gente não devia ter deixado isso nos primeiros períodos da faculdade. Nos tornamos mais sábios e menos tolos, mas não quer dizer que deveríamos nos tornar cínicos!

Ainda podemos pegar o violão e cantar aquelas canções que nos eram tão queridas.

Só precisamos aceitar os cabelos brancos. Sem problemas. Estão brancos. Mas isso não quer dizer que a alma não possa ser jovem.

Depende de cada um de nós.

Mas é possível.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A morte: o olhar e o choro de Jesus

Why do flowers die? - Century

Normalmente, escrever, para quem gosta, é divertido. É um momento em que nos tornamos criadores, dirigindo um “enredo” para onde queremos.

Na maior parte do tempo, eu me sinto assim.

Entretanto, em alguns momentos nos sentimos direcionados a escrever sobre coisas que não são simples. Escrever sobre o que é simples é mais fácil. Apenas expomos os pensamentos, deixamos a sensibilidade aflorar, e “vamo que vamo”. Mas quando o assunto é mais complexo, a gente se assusta um pouco. Eu, pelo menos, me assusto.

Outro dia postei um pequeno texto sobre os problemas do tráfico no Rio de Janeiro. Não é um assunto simples, mas não se apresenta como algo complicado para apenas opinarmos. Foi o que fiz. Deu até um friozinho na barriga porque pensei que poderiam me interpretar mal e dizer que eu estava exagerando. Isso não ocorreu. Apenas um anônimo falando que era lógica sofista. Nada muito sério.

Mas hoje eu quero escrever sobre algo que me parece ser mais complicado.

A morte da menina de 12 anos, que recebeu vaselina líquida na veia, em vez de soro fisiológico.

(atualização em 27/09/2012 - Aconteceu de novo. Uma menina de 14 anos morreu, em minha cidade, após uma cirurgia que parecia simples. Não há nada comprovado sobre erro médico, mas me parece bem próximo disso. Até quando Senhor?!)

Fazer teologia, ou coisa parecida, sobre o ocorrido parece ser coisa para maluco. Algo para quem não entendeu a dor da família, o desespero de ver sua filha ir embora no começo da vida. Nesse momento, podemos pensar, temos apenas que chorar e ficar do lado, ouvindo o que não é dito, sentindo o que não é possível sentir, a não ser para quem está no meio do furacão.


Eu penso assim também.


Mas não consigo ver como pode ser possível sobreviver a um evento como esses sem colocar Deus na equação. E colocar Deus na equação é fazer teologia. 


Não colocar Deus na equação é, quem sabe, ateísmo. É se contentar com o que está aqui e agora, apenas com o que se vê, e entender que no fim está o fim, e ponto final. Para mim, com a licença dos que pensam ao contrário, o resultado desse pensamento é o desespero. E pior: desespero para quem já está desesperado com a perda. 


Deixo claro desde já que não sei como passaria por algo como essa família está passando. Uma coisa é ficar emocionado, se aliar aos famíliares nesse momento, e trazer palavras de incentivo. Outra, bem diferente, é viver no meio de tudo. Assim, certamente irei escrever coisas que muito provavelmente não alcançarão a dor dos que perderam um menina de 12 anos, da mesma forma que não me alcançaria se lá estivesse.


Mas escrevo para não esquecer quem sou e porque sou. Escrevo para lembrar a mim mesmo que não estou sozinho no meio do nada, tendo que lutar com forças que me superam em larga escala. Escrevo para renovar minha mente mais um pouco. Escrevo, para pelo menos tentar.

O olhar de Deus e o nosso.

O evangelho de João traz um evento muito interessante nesse sentido. É o caso da morte de Lázaro. Se você se lembra, Jesus ao saber que Lázaro estava doente diz aos seus amigos que aquela doença era para a glória de Deus. Além disso, se demora mais 2 dias onde estava, atrasando seu retorno à cidade de Betânia.

Lázaro morre. Ao chegar no lugar, Jesus é recebido por Marta, irmã do morto, que lhe diz: “Senhor, se estiveras aqui, não teria morrido meu irmão.(Jo 11:21)

Percebe a diferença na forma de ver as coisas? Jesus olhou a morte de uma perspectiva diferente de Marta.

Para nós, temporais, a morte é essa dor que não acaba. É esse mistério que não permite ver o que está do outro lado.

Para Jesus, a morte é só o início. É quando se completa o ciclo de preparação. A morte inaugura um novo tempo, na verdade a eternidade. E eternidade com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Jesus esteve nesse “outro lado” e de lá voltou, inaugurando um nova era para aqueles que o recebem como Senhor e Salvador.

Se continuarmos a olhar para a morte da nossa maneira, nada fará sentido. E toda a dor do mundo será uma dor maior, porque além de não passar, não tem sentido. “Comamos e bebamos, que amanhã morreremos” será nosso lema.

Por outro lado, se olhamos para a morte como Jesus olha, há um novo sentido, um novo sopro para nos manter mesmo no meio de tragédias como essa.

Mesmo assim, Ele chorou.

O mesmo texto, mais à frente, apresenta algo muito especial. Quando a outra irmã de Lázaro o vê, vem ao seu encontro e lhe diz as mesma palavras que Marta: “Senhor, se estiveras aqui, meu irmão não teria morrido. (Jo 11:32)"

Nesse momento, ao ver toda a dor que morte causou àquela família e seus amigos, Jesus, Deus, que tem todo o conhecimento de todas as coisas, que nos formou do pó, que sustenta toda a criação, chora.: “Jesus chorou. (Jo 11:35)”

Eu não sei o que você pensa sobre esse texto. Mas eu fico emocionado e empolgado ao mesmo tempo, ao ver que Deus se fez homem, e habitou entre nós! E isso foi algo tão estrondoso que Deus, mesmo com todo o seu poder, chora ao ver a dor dos filhos de Eva, sofrendo com o resultado de seu pecado.

Para mim, Jesus chora ao ver a morte dessa menina. Mesmo sendo Deus, e tendo tudo sob seu controle, sua humanidade – sim, Jesus ressuscitou e subiu aos céus como homem! - o leva a chorar com nosso luto. Mesmo sabendo que a morte deve ser encarada não pela perspectiva temporal, mas pela eterna, Jesus chora conosco!

Posso quase ver Jesus no sepultamento da menina, ao lado de seus pais, chorando com eles a dor da separação provisória.

Sim, provisória.

Nossa visão da morte não pode perder de vista que há algo a mais. O Senhor nos espera logo ali, após nossa partida. E nos dará um novo corpo, um novo entendimento do universo como ele é, e não como nós pensamos que ele é.

Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas. (2Co 4:17-18)

Precismos ser lembrados o tempo todo sobre isso. Deus está no controle e nada foge a esse controle. Mesmo eventos tão “irracionais” e loucos como esse. Mas ao mesmo tempo Ele chora junto conosco.

Isso não tira nossa dor. Mas ajuda a conviver com ela. Não muda o que já ocorreu. Mas prepara nossos corações para algo muito melhor e maior, que já está ocorrendo e que vai se completar daqui a pouco.

À família, espero que vocês possam entender minhas palavras. Meus sinceros pêsames por tudo. Não serei leviano de dizer que entendo sua dor. Não sei nada sobre o que vocês estão vivendo. Mas mesmo assim, choro com vocês.

E oro para que o Senhor de toda consolação possa fazer com que esse tempo passe rápido.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Financiando a loucura? Eu também?

Hoje eu recebi um email muito legal.

Um desabafo de alguém que está vendo toda essa loucura a qual o Grande Rio está submetido.

Tráfico é financiado por quem consome drogas ilícitas. Esse é o ponto do email que recebi. E eu concordo com isso. Se tiramos a grana do tráfico diminuimos a força dele.

Mas meus amigos, vício é coisa muito violenta. Só quem conviveu com viciado sabe o que é o cara chorar porque não consegue se controlar.

Então, vou pedir licença para dizer algumas coisas. O assunto merece um tratamento muito mais extenso que não posso dar. Mas gostaria de expressar um pensamento rápido. E sei, de antemão, que talvez não seja entendido, ou até mesmo seja criticado por exagerar.

A pessoa que escreveu o email muito provavelmente curte comprar uma roupinha legal, andar na moda. Um carro novo a cada três anos. Essas coisas normais. Nada mais natural em nossa sociedade. Afinal, ela estudou e trabalhou para isso.

O problema - e uma leitura de nosso "amigo" Zygmunt Bauman (livros aqui) ajuda muito nesse sentido - é que esse prazer de comprar coisas vai se tornando, também, um vício. E esse vício tem criado toda uma camada de marginalizados que querem poder ter as mesmas coisas, mas não podem.

Ora, o que deseja um soldado do tráfico? Grana e poder. Simples assim. E para quê? Entre outras coisas, para poder ter as mesmas coisas que nós, "riquinhos classe média" podemos ter. Mas, infelizmente, eles não tiveram as mesmas oportunidades que nós. Não tem uma família estável, não estudaram em bons colégios e não tiveram bons amigos.

Talvez alguns da classe média de hoje também não tiveram essas condições e chegaram lá. Mas entendo que não são o padrão.

Não estou, de forma nenhuma, diminuindo o fato de que os soldados do tráfico são maus, e devem pagar pelo que fazem.  Quem erra deve pagar pelo erro. Muito menos diminuo o fato de que o dinheiro de quem curte usar um cigarrinho de maconha de vez em quando - assim como o dos viciados pesados - os financia.

Mas, me parece, nossos vícios também estão alimentando essa máquina. O fato de que não são vícios em coisas ilícitas não diminue sua importância.

José Eduardo - que não é viciado em drogas, mas reconhece outros monstros em si.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A grande cilada: Quem é o seu Deus?

E sereis iguais a Deus. o pai da mentira, no livro das origens

 
Essa semana terminei de ler o excelente livro, Deuses Falsos, de Timothy Keller. Com a habitual qualidade na condução de seu texto, o autor apresenta o que para mim se tornou uma caça pessoal: a busca aos falsos ídolos em nossas vidas.

E como eles estão lá, escondidos, conduzindo nosso dia a dia a forjando nossa forma de ver o mundo!

O livro segue uma ordem muito interessante. Apresenta um falso ídolo - alguém, ou algo, que toma o lugar de Deus em nossas vidas - e mostra um exemplo bíblico onde o mesmo ídolo aparece, bem como a forma de "lutar " contra ele. Me parece ser uma das melhores formas de expor algo: Com a bíblia.

Esse é um resumo muito rápido dessa obra, que, me parece, é leitura obrigatória para cada um de nós, cristãos que vivemos em um mundo repleto de ídolos, que estão prontos a nos atacar ao dobrarmos a esquina.

Entretanto, o achado mais importante da leitura foi entender que por trás de todos os ídolos apresentados pelo autor, se encontra o maior de todos os substitutos de Deus em nossas vidas: nós mesmos.

Creio que nós somos o maior ídolo de nossas vidas.

Não foi, por acaso, esse ídolo mor que levou nossos pais à queda? Não foi essa brecha que a serpente encontrou para minar os seus coraçōes?

E, seja sincero, não é por nos colocar no lugar de Deus que, vez após a outra, criamos nossos falsos "sub ídolos"? Dinheiro, poder, sexo, amor, família, todos os outros ídolos apresentados por Keller, só crescem em nossa adoração porque por trás deles está o nosso ego, insuflado pela "possibilidade" - só o pai da mentira para nos fazer acreditar nisso! - de se colocar como o ser principal a ser louvado e adorado.

É quando eu me tomo por deus que o dinheiro vira prioridade, pois através dele o deus Eduardo é "saciado" em seus desejos. Quando eu sou meu deus, preciso ser amado e considerado o melhor no que faço, pois senão mando "tempestades" e impossibilito o colheita do ano. Mesmo que essas tempestades venham em forma de depressão - pela falta de reconhecimento - ou na forma de desprezo pelos outros.

Quando esse deus de meia tigela acha que é o "bam bam bam" surgem as guerras - essa riqueza é minha, essa terra é minha - e as difamações. Claro! Só pode haver um deus, e tem que ser eu e não o outro!

Então vem a crise, pois ninguém é capaz de se sustentar muito tempo como deus. É nesse ponto da vida que muitos de nós nos encontramos: cansados e sobrecarregados por carregar o fardo de sermos deuses. Fardo impossível. Pesado e desumano. Fardo colocado sobre nós por nosso pecado, nossa criação e o mundo que nos cerca.

O pior é que, sem perceber, sorrateiramente, reproduzimos a mesma coisa em nossos filhos. Estamos criando novos deuses em nossos lares e precisamos, urgentemente, desmascarar esse processo e quebrarmos esse ciclo.

Como diz Keller em seu livro, somos seres que precisam de ídolos. Precisamos retornar ao nosso verdadeiro objeto de adoração, a quem destinamos o melhor que temos. Tempo, dinheiro. Vida.

Somente assim iremos sanar nossas emoções, nossas vidas. Porque, então, poderemos ficar quietos – o que não quer dizer apáticos – e reconhecermos que o Senhor é Deus. Nele está todo o controle e todo o bem para nossas vidas.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Uma carta do inferno

Certas canções que ouço, cabem tão dentro de mim. Que perguntar carece: Como não fui eu que fiz? É o que diz a música cantada por Milton Nascimento (Se não engano, composição dele com Tunai).

Quem é músico, certamente já experimentou essa sensação. 

Creio que ela se aplica, também, aos que escrevem.

Dias atrás, postei um texto sobre como seria uma ceia com Jesus, deixando a imaginação correr solta.

Não é que encontro, nas caminhadas pelo mundo virtual, um texto que vai bem nessa linha? 

Como seria uma carta enviada do inferno pelo homem rico (Lc 16:19-31)?

Como o texto está em inglês, pedi autorização ao blogueiro que o publicou para traduzir para o português e publicar aqui no Coração de Carne.

Peço aos amigos que deixem a imaginação passear um pouco, com liberdade. Não é um texto que se propõe a ser teológico, mas sim a atiçar nossas mentes.

O que segue não é uma tradução literal. Eu creio que isso nunca fica bom. "Versão" seria uma melhor classificação. Editei o texto para que ficasse mais próximo do que seria em português. Eu sei que é muita audácia minha fazer isso, mas do que vale a vida se não tivermos esse tipo de coragem? Por favor, qualquer erro por favor me informem para que eu faça a correção.

O original está no link mais acima. Os que quiserem dar uma lida fiquem à vontade. Finalmente, thanks Mark and Pastor Jeremy Rhode to allowed me to do it (obrigado ao Mark e ao Pastor Rhode por me permitirem a tradução ao português).

(crédito da imagem: http://setimoportal.wordpress.com/2008/06/18/o-inferno-de-dante/)

Uma carta do inferno


Caríssimos irmãos,


Como posso explicar esta carta para vocês? Como irão acreditar em mim ... que esta carta vem do outro lado? Só me resta orar Àquele a quem abandonei para que, de alguma forma, ela chegue até vocês a tempo.


Meus irmãos, eu imploro – a cada um de vocês, todos os cinco - escutem-me como se suas vidas dependesse disso. Não, meus irmãos, me escutem como se sua alma e toda a eternidade dependesse disso. Porque a vida que vocês vivem agora, a segurança que vocês têm agora ... não é nada. Tudo isso chega ao fim em um piscar de olhos - olhos que não mais se abrirão - a eternidade irreversível.


Quando eu caminhava pela terra com vocês, e minha vida era como a que vocês vivem agora. Eu era admirado. Era o homem que todos desejavam ser. Ilustre e rico, eu me vestia com a melhor púrpura, e experimentava as melhores roupas. Eu comi e bebi bem, vivendo uma vida de luxo.


Vocês me conhecem, meus irmãos, eu digo a verdade e não minto. Vocês sabem que eu era um bom homem, um frequentador da igreja. Abraão estava em meu peito e Moisés estava em meus lábios. Eu não me tornei rico através da traição ou do roubo. Alcançei riqueza e fui bem sucedido através do trabalho duro e honesto. Eu era um homem de virtude e entendia que era abençoado por Deus, procurando, eu mesmo abençoar a outros. Permiti aos pobres o descanso em minha porta e os alimentei com os restos da minha própria mesa, queridos irmãos. Vocês sabem disso.


Todos os que me conheciam e viam a minha riqueza sabiam que eu era um homem bom, rico em virtudes. Aos olhos, queridos irmãos, aos olhos de todos, eu era tudo o que um bom homem aspira ser.


E é por isso que eu escrevo! Para que seus olhos, queridos irmãos, não lhes traiam.


Vocês veêm e não enxergam. Mesmo agora, em suas mentes, vocês me enxergam como um homem rico. Um homem com muitas posses. O que vocês não não conseguem ver é que essas coisas me possuiam! Vocês não vêem que o dinheiro que eu tinha, me tinha em suas mãos. Você não vêem que o vinho que eu bebia, me sorvia. Você não vêem que todas as coisas boas que eu fiz para os outros, eu fiz porque eles eram bons para mim. Não, meus irmãos, viver pelo "olho por olho" os cegou.


Eu conheço apenas um Homem, queridos irmãos, que podia ver as coisas como elas eram - um Homem cujos olhos não mentem. Eu O encontrei apenas uma vez, mas eu oro para que vocês conheçam o Seu Nome. Só ele viu que os bens que eu tinha, me possuiam - e só Ele me ofereceu liberdade e os verdadeiros tesouros que só são encontrados nEle. Só ele viu que o vinho que bebia, me sorvia ... que a comida que eu consumia, havia começado a consumir-me - e Ele me disse que Ele era a videira verdadeira, o Pão que é Vida. Só ele reconheceu os trapos sujos que realmente eram a minha bondade e justiça. E Ele me ofereceu Sua própria justiça, dizendo que poderia até dar a Sua própria vida.


Ó, meus irmãos, este Homem tem palavras de vida eterna ... mas joguei tudo fora ... e eu o expulsei da minha casa. E de pé na porta, um dos mendigos, um homem chamado Lázaro, olhou para ele e disse: "Senhor Jesus, meu Salvador e meu Deus." Olhando direto nos meus olhos, Jesus me disse: "aquele pobre homem ali, Lázaro, ... ele tem tudo o que tenho ... e não vai demorar muito para você ver que Lázaro não é assim tão pobre, assim como qualquer um que acredite em mim. "


E assim foi queridos irmãos. No momento em que vocês baixaram meu corpo à terra, no momento em que centenas e centenas se reuniram para prestar suas homenagens, para cantar seus elogios sobre mim – exatamente naquele momento, queridos irmãos, quando minha vida estava sendo celebrada - eu estava começando a experimentar as cinzas do inferno, clamando por uma gota de água , atormentado pelo que só pode ser descrito como uma chama. O inferno é real, queridos irmãos, não deixem ninguém lhes dizer outra coisa. Então, levantei os olhos e vi Abraão de longe, e Lázaro ao seu lado. Lázaro, que não tinha nada ... nada a não ser Jesus... agora possuía todas as coisas. Foi até dito que um dia Jesus ressuscitou Lázaro dentre os mortos, e irá ressuscitá-lo novamente.


Eu implorei que Lázaro molhasse a ponta do seu dedo na água e refrescasse minha língua. Mas Abraão me disse: "Filho, você recebeu coisas boas na vida, enquanto Lázaro recebeu coisas más. Agora ele é consolado, e tu és atormentado." E assim eu implorei que Abraão enviasse Lázaro para dizer a vocês, meus irmãos, o que eu agora sei muito bem ... para que vocês não venham para esse lugar de tormento.


Vendo vocês não vêem, queridos irmãos. Se vocês vissem, não iriam desejar a riqueza e o sucesso. Vocês não iriam aspirar, nem por um momento, ser como eu. Se você vissem, não iriam criar os seus filhos para que sejam como eu. Pois de que me aproveitou ganhar o mundo inteiro, quando agora eu sou um filho do inferno?


Se vocês enxergam, então não queiram ser como quem é rico, mas queiram ser como um mendigo, como Lázaro, e implorem pela misericórdia e graça de Deus, enquanto Ele pode ser encontrado. Se vocês enxergam, então procurem, como Lázaro, ao homem chamado Jesus. Diz-se que assim como Ele ressuscitou Lázaro uma vez na vida, irá ressuscitar, para a vida eterna, a todos os que crêem em Seu Nome..


Olhem para o Senhor Jesus, e mesmo que vocês se encontrem um dia deitados na rua, vocês saberão que Ele é o Salvador, que através dele, através de Suas promessas, vocês possuem todas as coisas. Olhem para o Senhor Jesus, e mesmo que vocês se encontrem cobertos de feridas e cercados por cães, vocês saberão que Ele é a sua ressurreição. Sua recompensa virá, pois Ele mesmo é a sua recompensa.


Que ganho há em ser rico e bem sucedido, ter roupas finas e alimentos, se hoje você vai a uma festa no inferno? Qual é o problema, queridos irmãos, em sofrer hoje, se esta noite você vai festejar com o seu Senhor no céu?


Pedi a Abraão, queridos irmãos, para mandar Lázaro pregar o arrependimento e a misericórdia de Jesus para vocês. Abraão se recusou e disse que vocês tinham a Moisés e aos profetas e que vocês não seriam persuadidos, mesmo que alguém ressuscitasse dentre os mortos. É por isso, queridos irmãos, que eu escrevo esta carta desesperada para vocês, esta carta do inferno.


Porque há um só que morreu na cruz por seus pecados, para que vocês fossem perdoados por Deus. Existe Um que derramou Seu sangue por vocês, para que vocês possam comparecer perante o tribunal de Deus - não como eu, que estava no meu próprio manto de púrpura, escarlate como o pecado. Mas para que vocês estejam diante dele vestidos de roupas que foram lavadas em seu sangue. Existe Um que veste vocês com Sua bondade e Sua justiça, e Ele o faz gratuitamente. Este é Aquele que ressuscitou dos mortos, uma vez por todas, Jesus Cristo.


Ele é misericordioso. Mesmo para fazer o que Abraão e Moisés, e todos os profetas não podiam. E eu creio que o Senhor Jesus está permitindo que esta carta do inferno chegue até vocês, para que vocês não cheguem até aqui. Para que ela chegue até vocês através de um homem pobre, um mendigo companheiro. Então, por favor prestem atenção a esta carta, queridos irmãos: arrependam-se e recebam a absolvição por seus pecados. Porque hoje, o próprio Senhor Jesus veio até vocês. Não deixem que seus olhos os enganem, ou que os cuidados deste mundo sufoquem sua fé. Pois ele está aqui para vocês agora: tardio em irar-se e pronto a perdoar.


E vendo vocês enxergarão, quando vocês olharem para o Cristo. Pois vocês podem não estar vestidos de púrpura, mas estarão vestidos dEle. E mesmo que vocês não festejem suntuosamente para os padrões terrestres, Ele lhes serve seu corpo como o Pão da Vida e Seu Sangue, vinho da Videira Verdadeira. E não há nenhuma festa maior do que esta em toda a terra e céu. Desejem, então, com todo o coração, ser alimentados por essas migalhas da mesa do Senhor, que é rico. E mesmo que vocês não tenham uma casa grande com um portão, o mesmo Senhor Jesus prometeu vos preparar um lugar, um quarto na casa de seu Pai. Vendo vocês enxergarão, se somente os seus ouvidos receberem as Suas palavras. Fiquem com Ele e com Suas promessas.


Pois a única coisa que realmente importa na vida... é que existe um certo Homem Rico, de nome Jesus, que se esvaziou, e desceu do céu para viver entre nós. Ele se esvaziou. Ele, que era rico, se fez pobre, para que nós, os pobres, nos tornássemos ricos nEle. Ele se esvaziou, e se tornou faminto para que pudéssemos ser alimentados. Ele se esvaziou e teve sede, de modo que a nossa sede pudesse ser saciada por Ele. Ele esvaziou-se, em sua paixão, e deu o seu corpo ferido, derramando Seu sangue santo para os cachorros. Ele morreu fora dos portões, de modo que todos os que morrem nele, pudessem entrar em Seu descanso. Queridos irmãos, todas essas coisas Ele fez por vocês.


É meu desejo mais profundo, então, queridos irmãos, que vocês nunca venham para este lugar de tormento onde estou - porque não há razão para isso. E se é verdade que vocês não ouvem a Moisés e aos profetas, então ouçam a Ele que retornou da morte para vocês. Ouçam ao Senhor Jesus Cristo, quando Ele diz: "Os teus pecados estão perdoados. Tudo está consumado". Pois mesmo que vocês morram, viverão. Pois ao Seu nome todo joelho se dobrará e toda a cabeça se curvará, no céu e no inferno.


Por causa dEle e por causa do que Ele fez por vocês, minha maior esperança, então, é que eu não os veja novamente. Amém