sábado, 14 de novembro de 2020

Paulo, Marcos, Barnabé e as urnas




Sigo sendo igreja com todos em paz. Não sem dúvidas. Não sem diversidades. Mas, com Sua paz.

 

 

 

Eu não tinha entendido. Ele simplesmente desistiu. Ou, pelo menos, foi o que pareceu. Juntos anunciamos o evangelho em Salamina e ele parecia tão pleno, tão convicto de que estava cumprindo seu chamado! Deus estava fazendo grandes, grandes coisas.... (At 13:5) Mas, mesmo assim, sem explicar, voltou para casa (At 13:13). Agora, Barnabé insistia em trazê-lo (At 15:38).

- Paulo, você precisa ser mais maleável. João teve seus motivos. Insistiu.
 

- Não vou debater isso com você meu irmão. Ele nos deixou antes. E vai fazer de novo. Acho que não pensamos mais a mesma coisa.

Não havia como me convencer. E, pelo jeito, nem a Barnabé. Assim, me separei desse homem a quem tanto prezava. Não somente por sua ajuda, mas, principalmente, por quem ele era.

Anos se passaram. A vida ensinou a Marcos. E a vida também me ensinou. Muito. Percebemos que não nos tornamos inimigos naquele tempo, mas, simplesmente, pensávamos diferente um do outro. Amávamos ao Senhor da mesma forma que agora. Com a mesma intensidade, com o mesmo desejo de vê-Lo estabelecer o Seu reino, a ponto de chorarmos em oração, mesmo quando separados. Aprendemos com o passado. E vejo agora como ele é importante, como é útil ao ministério. Por isso estou pedindo a Timóteo que o traga (2 Tm 4:11), para caminharmos juntos até o fim, para que possamos, juntos, construir agora um futuro melhor.

2020. Quanto tempo se passou desses eventos! Mas, ainda assim, como me são úteis!

Olho ao redor e percebo que irmãos e irmãs a quem amo verdadeiramente em Cristo, que O servem ainda com mais intensidade do que eu, estão caminhando em direção diferente no momento de escolher nossos representantes no poder. Estaria eu certo e, eles, errados? Ou seria exatamente o inverso? Não posso dizer com clareza agora. Mas sei que amamos ao mesmo Senhor e queremos a mesma coisa. Ainda que pensemos de forma diversa sobre o caminho, farei minha escolha amanhã com a certeza de que o Senhor de Marcos, Paulo, Barnabé, Timóteo e tantos outros é o mesmo Senhor nosso. Posso não ver com clareza, mas nosso Senhor vê. O ontem, o hoje e o amanhã.

Ah, o amanhã! Será ali que veremos com clareza o que não vemos hoje. Será ali que nossos olhos verão de forma perfeita.

Mas até lá, sigo crendo que o que nos une é muito maior do que o que nos separa. Que choramos pelos mesmos motivos. Que desejamos o mesmo fim: Jesus reinando! Então, sigo sendo igreja com todos em paz. Não sem dúvidas. Não sem diversidades. Mas, com Sua paz.

Que você, meu irmão, minha irmã, amanhã vá para as urnas com essa mesma paz.

Um grande abraço, Eduardo.