terça-feira, 17 de maio de 2011

O tempo que passa, a vida que corre, e o coração que deve descansar.


Eu acordo pra trabalhar. Eu vivo pra trabalhar. Marcos e Paulo Sérgio Valle

Creio não ser necessário uma pesquisa muito apurada para afirmar que estamos em tempos muito, muito corridos. Muito trabalho, muita atividade, muita informação. Muito tudo. 

Quer dizer, quase tudo. 

Nos falta descanso.

Não apenas um descanso físico. Sem dúvida, esse é um descanso completamente necessário. Mas precisamos, acima de tudo, de um descanso do coração, que vem batendo acelerado durante muito tempo.

Nossa urbanização concentrada, por exemplo, cria um tipo de vida que não ajuda ao descanso. Moramos cada vez mais longe dos nossos postos de trabalho. Custo de vida alto, especulação imobiliária, concentração das empresas em alguns lugares estratégicos, são alguns dos fatores dessa concentração. 

Além disso, nosso sistema de transporte e trânsito, nas grandes cidades principalmente, está falido, ou prestes a falir. A facilidade de crédito tem permitido que mais pessoas tenham acesso a um automóvel. Isso é bom, sem dúvida. Melhor qualidade de vida, melhor auto estima, uma vez que o automóvel ainda é visto como “status”. Por outro lado, as nossas cidades não conseguem se adaptar em tempo hábil. Por falta de recursos, alguns dizem. Por falta de administração competente, dizem outros. O que importa é que as ruas não crescem na mesma medida que a produção e consumo de automóveis.

O sistema de transporte coletivo...Bem, se você já precisou usar um ônibus nos horários de rush, não vai precisar de nenhuma descrição minha para entender o problema. Mas eu posso resumir: Uma falta de respeito pelo trabalhador, pelo ser humano, que movimenta a máquina econômica desse país.

Juntando tudo isso – urbanização concentrada, transporte público e trânsito caótico – o que temos é uma vida no automático e sem tempo. Como diria Herbert Vianna: “Eu acordo pra trabalhar, eu vivo pra trabalhar”. Se não me engano, os estudos de Marx já falavam em uma alienação do trabalhador. Não sei se é nesse sentido Marxista – algo em que definitivamente eu não sou especialista – mas estamos cada vez mais alienados. De nossas famílias, de nossas comunidades – se é que ainda nos sentimos participantes de uma comunidade – de nós mesmos. E de Deus.

Nesse processo, a automatização das vidas, como não podia deixar de ser, gera autômatos, robôs.

Hoje, quando olhei ao redor, e para dentro de mim, eu senti um cansaço azedo, com cheiro de peixe estragado e de cor negra. Analisei, rapidamente é claro, meu dia a dia e fiquei com uma sensação de burrice enorme.

Sim, burrice.

Porque só pode ser burro quem corre atrás de tudo e não tem tempo para a família. Só pode ser burra alguém que vê a filha crescer a 1000 por hora e não acorda para isso. Só pode ser burro quem se dedica tanto ao trabalho que não tem tempo para conversar com a esposa no fim do dia, e contar suas histórias, dar risadas, sem pressa para o dia seguinte.

E só pode ser completamente burro alguém que não separa um bom tempo para conversar com Aquele que se disse Deus e que morreu pela humanidade. Não apenas isso: ressuscitou! Como muitos já disseram, ou Jesus é um mentiroso completo, ou é Deus. Não tenho dúvida de que a história mostra que Ele não mentiu.

Não vai ser fácil – mudanças verdadeiras nunca são – mas precisamos dar um basta na urgência falsa desse dia a dia louco. Pode ser que custe alguma coisa no nosso salário, na nossa posição. Pode ser que custe até mais. Me parece, entretanto, é que estamos vivendo em um ciclo auto alimentado. Ou melhor: alimentado por uma indústria de propaganda que usa todas as armas para criar em nós algumas "necessidades" que nunca deveriam ser classificadas como "necessárias". Realmente precisamos de tanto assim?

O que me perguntei hoje, nessa breve análise é: O que é mais importante? O que é realmente importante para mim?

O que é realmente importante para você?

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