terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A morte: o olhar e o choro de Jesus

Why do flowers die? - Century

Normalmente, escrever, para quem gosta, é divertido. É um momento em que nos tornamos criadores, dirigindo um “enredo” para onde queremos.

Na maior parte do tempo, eu me sinto assim.

Entretanto, em alguns momentos nos sentimos direcionados a escrever sobre coisas que não são simples. Escrever sobre o que é simples é mais fácil. Apenas expomos os pensamentos, deixamos a sensibilidade aflorar, e “vamo que vamo”. Mas quando o assunto é mais complexo, a gente se assusta um pouco. Eu, pelo menos, me assusto.

Outro dia postei um pequeno texto sobre os problemas do tráfico no Rio de Janeiro. Não é um assunto simples, mas não se apresenta como algo complicado para apenas opinarmos. Foi o que fiz. Deu até um friozinho na barriga porque pensei que poderiam me interpretar mal e dizer que eu estava exagerando. Isso não ocorreu. Apenas um anônimo falando que era lógica sofista. Nada muito sério.

Mas hoje eu quero escrever sobre algo que me parece ser mais complicado.

A morte da menina de 12 anos, que recebeu vaselina líquida na veia, em vez de soro fisiológico.

(atualização em 27/09/2012 - Aconteceu de novo. Uma menina de 14 anos morreu, em minha cidade, após uma cirurgia que parecia simples. Não há nada comprovado sobre erro médico, mas me parece bem próximo disso. Até quando Senhor?!)

Fazer teologia, ou coisa parecida, sobre o ocorrido parece ser coisa para maluco. Algo para quem não entendeu a dor da família, o desespero de ver sua filha ir embora no começo da vida. Nesse momento, podemos pensar, temos apenas que chorar e ficar do lado, ouvindo o que não é dito, sentindo o que não é possível sentir, a não ser para quem está no meio do furacão.


Eu penso assim também.


Mas não consigo ver como pode ser possível sobreviver a um evento como esses sem colocar Deus na equação. E colocar Deus na equação é fazer teologia. 


Não colocar Deus na equação é, quem sabe, ateísmo. É se contentar com o que está aqui e agora, apenas com o que se vê, e entender que no fim está o fim, e ponto final. Para mim, com a licença dos que pensam ao contrário, o resultado desse pensamento é o desespero. E pior: desespero para quem já está desesperado com a perda. 


Deixo claro desde já que não sei como passaria por algo como essa família está passando. Uma coisa é ficar emocionado, se aliar aos famíliares nesse momento, e trazer palavras de incentivo. Outra, bem diferente, é viver no meio de tudo. Assim, certamente irei escrever coisas que muito provavelmente não alcançarão a dor dos que perderam um menina de 12 anos, da mesma forma que não me alcançaria se lá estivesse.


Mas escrevo para não esquecer quem sou e porque sou. Escrevo para lembrar a mim mesmo que não estou sozinho no meio do nada, tendo que lutar com forças que me superam em larga escala. Escrevo para renovar minha mente mais um pouco. Escrevo, para pelo menos tentar.

O olhar de Deus e o nosso.

O evangelho de João traz um evento muito interessante nesse sentido. É o caso da morte de Lázaro. Se você se lembra, Jesus ao saber que Lázaro estava doente diz aos seus amigos que aquela doença era para a glória de Deus. Além disso, se demora mais 2 dias onde estava, atrasando seu retorno à cidade de Betânia.

Lázaro morre. Ao chegar no lugar, Jesus é recebido por Marta, irmã do morto, que lhe diz: “Senhor, se estiveras aqui, não teria morrido meu irmão.(Jo 11:21)

Percebe a diferença na forma de ver as coisas? Jesus olhou a morte de uma perspectiva diferente de Marta.

Para nós, temporais, a morte é essa dor que não acaba. É esse mistério que não permite ver o que está do outro lado.

Para Jesus, a morte é só o início. É quando se completa o ciclo de preparação. A morte inaugura um novo tempo, na verdade a eternidade. E eternidade com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Jesus esteve nesse “outro lado” e de lá voltou, inaugurando um nova era para aqueles que o recebem como Senhor e Salvador.

Se continuarmos a olhar para a morte da nossa maneira, nada fará sentido. E toda a dor do mundo será uma dor maior, porque além de não passar, não tem sentido. “Comamos e bebamos, que amanhã morreremos” será nosso lema.

Por outro lado, se olhamos para a morte como Jesus olha, há um novo sentido, um novo sopro para nos manter mesmo no meio de tragédias como essa.

Mesmo assim, Ele chorou.

O mesmo texto, mais à frente, apresenta algo muito especial. Quando a outra irmã de Lázaro o vê, vem ao seu encontro e lhe diz as mesma palavras que Marta: “Senhor, se estiveras aqui, meu irmão não teria morrido. (Jo 11:32)"

Nesse momento, ao ver toda a dor que morte causou àquela família e seus amigos, Jesus, Deus, que tem todo o conhecimento de todas as coisas, que nos formou do pó, que sustenta toda a criação, chora.: “Jesus chorou. (Jo 11:35)”

Eu não sei o que você pensa sobre esse texto. Mas eu fico emocionado e empolgado ao mesmo tempo, ao ver que Deus se fez homem, e habitou entre nós! E isso foi algo tão estrondoso que Deus, mesmo com todo o seu poder, chora ao ver a dor dos filhos de Eva, sofrendo com o resultado de seu pecado.

Para mim, Jesus chora ao ver a morte dessa menina. Mesmo sendo Deus, e tendo tudo sob seu controle, sua humanidade – sim, Jesus ressuscitou e subiu aos céus como homem! - o leva a chorar com nosso luto. Mesmo sabendo que a morte deve ser encarada não pela perspectiva temporal, mas pela eterna, Jesus chora conosco!

Posso quase ver Jesus no sepultamento da menina, ao lado de seus pais, chorando com eles a dor da separação provisória.

Sim, provisória.

Nossa visão da morte não pode perder de vista que há algo a mais. O Senhor nos espera logo ali, após nossa partida. E nos dará um novo corpo, um novo entendimento do universo como ele é, e não como nós pensamos que ele é.

Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas. (2Co 4:17-18)

Precismos ser lembrados o tempo todo sobre isso. Deus está no controle e nada foge a esse controle. Mesmo eventos tão “irracionais” e loucos como esse. Mas ao mesmo tempo Ele chora junto conosco.

Isso não tira nossa dor. Mas ajuda a conviver com ela. Não muda o que já ocorreu. Mas prepara nossos corações para algo muito melhor e maior, que já está ocorrendo e que vai se completar daqui a pouco.

À família, espero que vocês possam entender minhas palavras. Meus sinceros pêsames por tudo. Não serei leviano de dizer que entendo sua dor. Não sei nada sobre o que vocês estão vivendo. Mas mesmo assim, choro com vocês.

E oro para que o Senhor de toda consolação possa fazer com que esse tempo passe rápido.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Financiando a loucura? Eu também?

Hoje eu recebi um email muito legal.

Um desabafo de alguém que está vendo toda essa loucura a qual o Grande Rio está submetido.

Tráfico é financiado por quem consome drogas ilícitas. Esse é o ponto do email que recebi. E eu concordo com isso. Se tiramos a grana do tráfico diminuimos a força dele.

Mas meus amigos, vício é coisa muito violenta. Só quem conviveu com viciado sabe o que é o cara chorar porque não consegue se controlar.

Então, vou pedir licença para dizer algumas coisas. O assunto merece um tratamento muito mais extenso que não posso dar. Mas gostaria de expressar um pensamento rápido. E sei, de antemão, que talvez não seja entendido, ou até mesmo seja criticado por exagerar.

A pessoa que escreveu o email muito provavelmente curte comprar uma roupinha legal, andar na moda. Um carro novo a cada três anos. Essas coisas normais. Nada mais natural em nossa sociedade. Afinal, ela estudou e trabalhou para isso.

O problema - e uma leitura de nosso "amigo" Zygmunt Bauman (livros aqui) ajuda muito nesse sentido - é que esse prazer de comprar coisas vai se tornando, também, um vício. E esse vício tem criado toda uma camada de marginalizados que querem poder ter as mesmas coisas, mas não podem.

Ora, o que deseja um soldado do tráfico? Grana e poder. Simples assim. E para quê? Entre outras coisas, para poder ter as mesmas coisas que nós, "riquinhos classe média" podemos ter. Mas, infelizmente, eles não tiveram as mesmas oportunidades que nós. Não tem uma família estável, não estudaram em bons colégios e não tiveram bons amigos.

Talvez alguns da classe média de hoje também não tiveram essas condições e chegaram lá. Mas entendo que não são o padrão.

Não estou, de forma nenhuma, diminuindo o fato de que os soldados do tráfico são maus, e devem pagar pelo que fazem.  Quem erra deve pagar pelo erro. Muito menos diminuo o fato de que o dinheiro de quem curte usar um cigarrinho de maconha de vez em quando - assim como o dos viciados pesados - os financia.

Mas, me parece, nossos vícios também estão alimentando essa máquina. O fato de que não são vícios em coisas ilícitas não diminue sua importância.

José Eduardo - que não é viciado em drogas, mas reconhece outros monstros em si.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A grande cilada: Quem é o seu Deus?

E sereis iguais a Deus. o pai da mentira, no livro das origens

 
Essa semana terminei de ler o excelente livro, Deuses Falsos, de Timothy Keller. Com a habitual qualidade na condução de seu texto, o autor apresenta o que para mim se tornou uma caça pessoal: a busca aos falsos ídolos em nossas vidas.

E como eles estão lá, escondidos, conduzindo nosso dia a dia a forjando nossa forma de ver o mundo!

O livro segue uma ordem muito interessante. Apresenta um falso ídolo - alguém, ou algo, que toma o lugar de Deus em nossas vidas - e mostra um exemplo bíblico onde o mesmo ídolo aparece, bem como a forma de "lutar " contra ele. Me parece ser uma das melhores formas de expor algo: Com a bíblia.

Esse é um resumo muito rápido dessa obra, que, me parece, é leitura obrigatória para cada um de nós, cristãos que vivemos em um mundo repleto de ídolos, que estão prontos a nos atacar ao dobrarmos a esquina.

Entretanto, o achado mais importante da leitura foi entender que por trás de todos os ídolos apresentados pelo autor, se encontra o maior de todos os substitutos de Deus em nossas vidas: nós mesmos.

Creio que nós somos o maior ídolo de nossas vidas.

Não foi, por acaso, esse ídolo mor que levou nossos pais à queda? Não foi essa brecha que a serpente encontrou para minar os seus coraçōes?

E, seja sincero, não é por nos colocar no lugar de Deus que, vez após a outra, criamos nossos falsos "sub ídolos"? Dinheiro, poder, sexo, amor, família, todos os outros ídolos apresentados por Keller, só crescem em nossa adoração porque por trás deles está o nosso ego, insuflado pela "possibilidade" - só o pai da mentira para nos fazer acreditar nisso! - de se colocar como o ser principal a ser louvado e adorado.

É quando eu me tomo por deus que o dinheiro vira prioridade, pois através dele o deus Eduardo é "saciado" em seus desejos. Quando eu sou meu deus, preciso ser amado e considerado o melhor no que faço, pois senão mando "tempestades" e impossibilito o colheita do ano. Mesmo que essas tempestades venham em forma de depressão - pela falta de reconhecimento - ou na forma de desprezo pelos outros.

Quando esse deus de meia tigela acha que é o "bam bam bam" surgem as guerras - essa riqueza é minha, essa terra é minha - e as difamações. Claro! Só pode haver um deus, e tem que ser eu e não o outro!

Então vem a crise, pois ninguém é capaz de se sustentar muito tempo como deus. É nesse ponto da vida que muitos de nós nos encontramos: cansados e sobrecarregados por carregar o fardo de sermos deuses. Fardo impossível. Pesado e desumano. Fardo colocado sobre nós por nosso pecado, nossa criação e o mundo que nos cerca.

O pior é que, sem perceber, sorrateiramente, reproduzimos a mesma coisa em nossos filhos. Estamos criando novos deuses em nossos lares e precisamos, urgentemente, desmascarar esse processo e quebrarmos esse ciclo.

Como diz Keller em seu livro, somos seres que precisam de ídolos. Precisamos retornar ao nosso verdadeiro objeto de adoração, a quem destinamos o melhor que temos. Tempo, dinheiro. Vida.

Somente assim iremos sanar nossas emoções, nossas vidas. Porque, então, poderemos ficar quietos – o que não quer dizer apáticos – e reconhecermos que o Senhor é Deus. Nele está todo o controle e todo o bem para nossas vidas.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Uma carta do inferno

Certas canções que ouço, cabem tão dentro de mim. Que perguntar carece: Como não fui eu que fiz? É o que diz a música cantada por Milton Nascimento (Se não engano, composição dele com Tunai).

Quem é músico, certamente já experimentou essa sensação. 

Creio que ela se aplica, também, aos que escrevem.

Dias atrás, postei um texto sobre como seria uma ceia com Jesus, deixando a imaginação correr solta.

Não é que encontro, nas caminhadas pelo mundo virtual, um texto que vai bem nessa linha? 

Como seria uma carta enviada do inferno pelo homem rico (Lc 16:19-31)?

Como o texto está em inglês, pedi autorização ao blogueiro que o publicou para traduzir para o português e publicar aqui no Coração de Carne.

Peço aos amigos que deixem a imaginação passear um pouco, com liberdade. Não é um texto que se propõe a ser teológico, mas sim a atiçar nossas mentes.

O que segue não é uma tradução literal. Eu creio que isso nunca fica bom. "Versão" seria uma melhor classificação. Editei o texto para que ficasse mais próximo do que seria em português. Eu sei que é muita audácia minha fazer isso, mas do que vale a vida se não tivermos esse tipo de coragem? Por favor, qualquer erro por favor me informem para que eu faça a correção.

O original está no link mais acima. Os que quiserem dar uma lida fiquem à vontade. Finalmente, thanks Mark and Pastor Jeremy Rhode to allowed me to do it (obrigado ao Mark e ao Pastor Rhode por me permitirem a tradução ao português).

(crédito da imagem: http://setimoportal.wordpress.com/2008/06/18/o-inferno-de-dante/)

Uma carta do inferno


Caríssimos irmãos,


Como posso explicar esta carta para vocês? Como irão acreditar em mim ... que esta carta vem do outro lado? Só me resta orar Àquele a quem abandonei para que, de alguma forma, ela chegue até vocês a tempo.


Meus irmãos, eu imploro – a cada um de vocês, todos os cinco - escutem-me como se suas vidas dependesse disso. Não, meus irmãos, me escutem como se sua alma e toda a eternidade dependesse disso. Porque a vida que vocês vivem agora, a segurança que vocês têm agora ... não é nada. Tudo isso chega ao fim em um piscar de olhos - olhos que não mais se abrirão - a eternidade irreversível.


Quando eu caminhava pela terra com vocês, e minha vida era como a que vocês vivem agora. Eu era admirado. Era o homem que todos desejavam ser. Ilustre e rico, eu me vestia com a melhor púrpura, e experimentava as melhores roupas. Eu comi e bebi bem, vivendo uma vida de luxo.


Vocês me conhecem, meus irmãos, eu digo a verdade e não minto. Vocês sabem que eu era um bom homem, um frequentador da igreja. Abraão estava em meu peito e Moisés estava em meus lábios. Eu não me tornei rico através da traição ou do roubo. Alcançei riqueza e fui bem sucedido através do trabalho duro e honesto. Eu era um homem de virtude e entendia que era abençoado por Deus, procurando, eu mesmo abençoar a outros. Permiti aos pobres o descanso em minha porta e os alimentei com os restos da minha própria mesa, queridos irmãos. Vocês sabem disso.


Todos os que me conheciam e viam a minha riqueza sabiam que eu era um homem bom, rico em virtudes. Aos olhos, queridos irmãos, aos olhos de todos, eu era tudo o que um bom homem aspira ser.


E é por isso que eu escrevo! Para que seus olhos, queridos irmãos, não lhes traiam.


Vocês veêm e não enxergam. Mesmo agora, em suas mentes, vocês me enxergam como um homem rico. Um homem com muitas posses. O que vocês não não conseguem ver é que essas coisas me possuiam! Vocês não vêem que o dinheiro que eu tinha, me tinha em suas mãos. Você não vêem que o vinho que eu bebia, me sorvia. Você não vêem que todas as coisas boas que eu fiz para os outros, eu fiz porque eles eram bons para mim. Não, meus irmãos, viver pelo "olho por olho" os cegou.


Eu conheço apenas um Homem, queridos irmãos, que podia ver as coisas como elas eram - um Homem cujos olhos não mentem. Eu O encontrei apenas uma vez, mas eu oro para que vocês conheçam o Seu Nome. Só ele viu que os bens que eu tinha, me possuiam - e só Ele me ofereceu liberdade e os verdadeiros tesouros que só são encontrados nEle. Só ele viu que o vinho que bebia, me sorvia ... que a comida que eu consumia, havia começado a consumir-me - e Ele me disse que Ele era a videira verdadeira, o Pão que é Vida. Só ele reconheceu os trapos sujos que realmente eram a minha bondade e justiça. E Ele me ofereceu Sua própria justiça, dizendo que poderia até dar a Sua própria vida.


Ó, meus irmãos, este Homem tem palavras de vida eterna ... mas joguei tudo fora ... e eu o expulsei da minha casa. E de pé na porta, um dos mendigos, um homem chamado Lázaro, olhou para ele e disse: "Senhor Jesus, meu Salvador e meu Deus." Olhando direto nos meus olhos, Jesus me disse: "aquele pobre homem ali, Lázaro, ... ele tem tudo o que tenho ... e não vai demorar muito para você ver que Lázaro não é assim tão pobre, assim como qualquer um que acredite em mim. "


E assim foi queridos irmãos. No momento em que vocês baixaram meu corpo à terra, no momento em que centenas e centenas se reuniram para prestar suas homenagens, para cantar seus elogios sobre mim – exatamente naquele momento, queridos irmãos, quando minha vida estava sendo celebrada - eu estava começando a experimentar as cinzas do inferno, clamando por uma gota de água , atormentado pelo que só pode ser descrito como uma chama. O inferno é real, queridos irmãos, não deixem ninguém lhes dizer outra coisa. Então, levantei os olhos e vi Abraão de longe, e Lázaro ao seu lado. Lázaro, que não tinha nada ... nada a não ser Jesus... agora possuía todas as coisas. Foi até dito que um dia Jesus ressuscitou Lázaro dentre os mortos, e irá ressuscitá-lo novamente.


Eu implorei que Lázaro molhasse a ponta do seu dedo na água e refrescasse minha língua. Mas Abraão me disse: "Filho, você recebeu coisas boas na vida, enquanto Lázaro recebeu coisas más. Agora ele é consolado, e tu és atormentado." E assim eu implorei que Abraão enviasse Lázaro para dizer a vocês, meus irmãos, o que eu agora sei muito bem ... para que vocês não venham para esse lugar de tormento.


Vendo vocês não vêem, queridos irmãos. Se vocês vissem, não iriam desejar a riqueza e o sucesso. Vocês não iriam aspirar, nem por um momento, ser como eu. Se você vissem, não iriam criar os seus filhos para que sejam como eu. Pois de que me aproveitou ganhar o mundo inteiro, quando agora eu sou um filho do inferno?


Se vocês enxergam, então não queiram ser como quem é rico, mas queiram ser como um mendigo, como Lázaro, e implorem pela misericórdia e graça de Deus, enquanto Ele pode ser encontrado. Se vocês enxergam, então procurem, como Lázaro, ao homem chamado Jesus. Diz-se que assim como Ele ressuscitou Lázaro uma vez na vida, irá ressuscitar, para a vida eterna, a todos os que crêem em Seu Nome..


Olhem para o Senhor Jesus, e mesmo que vocês se encontrem um dia deitados na rua, vocês saberão que Ele é o Salvador, que através dele, através de Suas promessas, vocês possuem todas as coisas. Olhem para o Senhor Jesus, e mesmo que vocês se encontrem cobertos de feridas e cercados por cães, vocês saberão que Ele é a sua ressurreição. Sua recompensa virá, pois Ele mesmo é a sua recompensa.


Que ganho há em ser rico e bem sucedido, ter roupas finas e alimentos, se hoje você vai a uma festa no inferno? Qual é o problema, queridos irmãos, em sofrer hoje, se esta noite você vai festejar com o seu Senhor no céu?


Pedi a Abraão, queridos irmãos, para mandar Lázaro pregar o arrependimento e a misericórdia de Jesus para vocês. Abraão se recusou e disse que vocês tinham a Moisés e aos profetas e que vocês não seriam persuadidos, mesmo que alguém ressuscitasse dentre os mortos. É por isso, queridos irmãos, que eu escrevo esta carta desesperada para vocês, esta carta do inferno.


Porque há um só que morreu na cruz por seus pecados, para que vocês fossem perdoados por Deus. Existe Um que derramou Seu sangue por vocês, para que vocês possam comparecer perante o tribunal de Deus - não como eu, que estava no meu próprio manto de púrpura, escarlate como o pecado. Mas para que vocês estejam diante dele vestidos de roupas que foram lavadas em seu sangue. Existe Um que veste vocês com Sua bondade e Sua justiça, e Ele o faz gratuitamente. Este é Aquele que ressuscitou dos mortos, uma vez por todas, Jesus Cristo.


Ele é misericordioso. Mesmo para fazer o que Abraão e Moisés, e todos os profetas não podiam. E eu creio que o Senhor Jesus está permitindo que esta carta do inferno chegue até vocês, para que vocês não cheguem até aqui. Para que ela chegue até vocês através de um homem pobre, um mendigo companheiro. Então, por favor prestem atenção a esta carta, queridos irmãos: arrependam-se e recebam a absolvição por seus pecados. Porque hoje, o próprio Senhor Jesus veio até vocês. Não deixem que seus olhos os enganem, ou que os cuidados deste mundo sufoquem sua fé. Pois ele está aqui para vocês agora: tardio em irar-se e pronto a perdoar.


E vendo vocês enxergarão, quando vocês olharem para o Cristo. Pois vocês podem não estar vestidos de púrpura, mas estarão vestidos dEle. E mesmo que vocês não festejem suntuosamente para os padrões terrestres, Ele lhes serve seu corpo como o Pão da Vida e Seu Sangue, vinho da Videira Verdadeira. E não há nenhuma festa maior do que esta em toda a terra e céu. Desejem, então, com todo o coração, ser alimentados por essas migalhas da mesa do Senhor, que é rico. E mesmo que vocês não tenham uma casa grande com um portão, o mesmo Senhor Jesus prometeu vos preparar um lugar, um quarto na casa de seu Pai. Vendo vocês enxergarão, se somente os seus ouvidos receberem as Suas palavras. Fiquem com Ele e com Suas promessas.


Pois a única coisa que realmente importa na vida... é que existe um certo Homem Rico, de nome Jesus, que se esvaziou, e desceu do céu para viver entre nós. Ele se esvaziou. Ele, que era rico, se fez pobre, para que nós, os pobres, nos tornássemos ricos nEle. Ele se esvaziou, e se tornou faminto para que pudéssemos ser alimentados. Ele se esvaziou e teve sede, de modo que a nossa sede pudesse ser saciada por Ele. Ele esvaziou-se, em sua paixão, e deu o seu corpo ferido, derramando Seu sangue santo para os cachorros. Ele morreu fora dos portões, de modo que todos os que morrem nele, pudessem entrar em Seu descanso. Queridos irmãos, todas essas coisas Ele fez por vocês.


É meu desejo mais profundo, então, queridos irmãos, que vocês nunca venham para este lugar de tormento onde estou - porque não há razão para isso. E se é verdade que vocês não ouvem a Moisés e aos profetas, então ouçam a Ele que retornou da morte para vocês. Ouçam ao Senhor Jesus Cristo, quando Ele diz: "Os teus pecados estão perdoados. Tudo está consumado". Pois mesmo que vocês morram, viverão. Pois ao Seu nome todo joelho se dobrará e toda a cabeça se curvará, no céu e no inferno.


Por causa dEle e por causa do que Ele fez por vocês, minha maior esperança, então, é que eu não os veja novamente. Amém


quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Estamos em guerra ou de férias?





Como tenho escrito por aqui, estamos nos acostumando ao mundo com muita facilidade. Me parece, olhando para dentro de mim e no convívio com algumas pessoas, que é de nossa natureza esse movimento de "ir conforme a maré". Creio que, como diz a expressão, gera menos esforço.


É para isso que somos chamados?

O problema, me parece, é que, como cristãos, deveríamos ser norteados não pelo que é "comum" em nossa natureza - pecaminosa, não se esqueça - mas pelo o que nos ensina a Palavra do Deus que se revela em Jesus.

E, pelo pouco que tenho entendido até agora, essa Palavra nos ensina que não devemos nos acomodar de forma nenhuma.

"E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. (Rom 12:2)"

E mais. A Palavra nos ensina que estamos em guerra.

Por exemplo: "Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma, mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação. (1Pe 2:11-12)"

Ou quando nos mostra a luta: 
"porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. (Ef 6:12)"

"Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer. (Gál 5:17)"

Guerra?
Uma pesquisa rápida na Web, nos leva a uma definição interessante sobre a guerra:

"Guerra é um confronto sujeito a interesses da disputa entre dois ou mais grupos distintos de indivíduos mais ou menos organizados, utilizando-se de armas para tentar derrotar o adversário. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra)"

E aparece, então, uma palavrinha "mágica", "adversário", muito usada pelos apóstolos:

"- Quero, portanto, que as viúvas mais novas se casem, criem filhos, sejam boas donas de casa e não dêem ao adversário ocasião favorável de maledicência. (1Tm 5:14)
- linguagem sadia e irrepreensível, para que o adversário seja envergonhado, não tendo indignidade nenhuma que dizer a nosso respeito. (Tit 2:8) 

- Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar;
(1Pe 5:8)  "

Ora, me parece, pelo que tenho visto na minha própria vida, e no mundo que me cerca, que apenas um lado está realmente em guerra, usando todas as armas disponíveis para derrotar o adversário. Eu queria poder dizer que eu estou desse lado. Mas preciso confessar que não.

Estou lutando uma luta que não é a minha. A luta do pão nosso de cada dia. A luta pelo que comer e o que vestir. A luta pelo futuro de minha vida e de minha família. Me parece que essas coisas, segundo a Palavra, não fazem parte da minha luta. Quem cuida delas é o Pai.

E o que ocorre? A luta que é a minha eu não luto - ou luto com poucas forças.

E não precisamos espiritualizar - no mau sentido - nossa luta verdadeira.

Lutar contra os principados e potestades é viver uma vida plena em Jesus, aqui e agora. Pois se esses são os dominadores desse mundo tenebroso, quando eu, com minha vida, luto contra toda e qualquer injustiça "institucionalizada" contra meu próximo, estou lutando minha luta.

Lutar contra o pecado é minha luta, e as batalhas ocorrem quando eu nego a minha natureza egoísta e corrupta, não apenas no secreto do meu quarto, ou no aconchego da reunião dominical, mas no dia a dia no meu trabalho, pagando o preço por isso. 

Não me conformar com o mundo e seu sistema de pensamento, sua cosmovisão, é dar as costas para tudo o que pode vir a me beneficiar, mas que não geram dividendos no local correto - (Mt 6:19-21)

Eu quero mudar um pouco essa guerra, pelo menos pessoalmente.
Porque viver a vida cristã abaixo daquilo que está disponível para todos nós, não é viver. Não é nem sobreviver.

É pecar.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O reino de Deus aqui e agora



Em um post anterior, eu comentava sobre uma citação de J.C. Ryle, que dizia que nosso amor pelo reino deveria aumentar dia a dia.

Pode ser que alguns tenham entendido que falava de uma vida "chata", "santarrona", cheia de "não pode".

Creio que não seja isso.

Ontem estive entre as praias de Charitas e São Francisco, aqui em Niterói (RJ), e pensei sobre isso. Olhei aquela enseada espetacular  (a foto do post é antiga, mas dá uma noção) e conversei com meus botões: - Amar isso aqui é amar o Reino.

Sim. Apesar de sabermos que o mundo jaz no maligno, não podemos nos esquecer que o criador não foi ele. A criação é uma obra estupenda de Deus, para mostrar a Sua glória e para que pudéssemos viver em um lugar perfeito.

Quando eu amo mais observar a criação do que correr atrás de coisas materiais, creio que estou aumentado meu amor por Deus e Seu reino.

Quando amo mais passar tempo com minha família, com as pessoas, do que gastar meu tempo fazendo "alianças" políticas, em reuniões "sociais" com o objetivo de me "posicionar", eu creio que estou amando o reino. E esse tipo de reunião não acontece só no "mundo". Se não tomarmos cuidado, estamos dentro da igreja nas mesmas reuniões.

Vivemos em um mundo de correria e somos puxados para ações e pensamentos que estão longe de priorizarem o reino. Quando a gente diminui o ritmo e olha ao redor, percebe que o reino está para todo o lado, disponível a todos nós que já entendemos quem somos e para onde vamos.

Sua família, seus amigos - quer possam te ajudar "socialmente" ou não - sua igreja, uma praia, um lago, o céu, uma caminhada para respirar e pensar na vida. Para mim, tudo isso é reino. Priorizar isso é priorizar o reino.

Porque Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo. (Sl 19:1-4)

Estamos no meio de um culto constante. Só precisamos parar para ouvir e participar.

(crédito da foto: http://www.fotosdeviagem.hpg.ig.com.br/pertodorio.htm)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Exercitando a imaginação - E se essa ceia fosse hoje?

Confesso que sou fã dos filmes de ficção, onde somos levados a mundos completamente distintos do nosso. Não gosto muito de filmes que retratam a realidade. Para mim, cinema é momento de desconexão com o dia a dia, onde posso deixar a mente solta, a vagar pelos cenários que os diretores nos proporcionam. Por isso amei “Senhor dos Anéis”, “As crônicas de Nárnia”, “Guerra nas Estrelas”. É uma questão de gosto. Não há nenhum tipo de julgamento crítico do que é melhor e do que é pior. 

Apenas gosto.

Os filmes citados, têm em comum a capacidade de soltar nossa imaginação. Quando criança, após ver um desses filmes, ficávamos dias, semanas, recriando e expandindo tais mundos em nossas brincadeiras. Quem de minha geração nunca se imaginou como o Superman, voando para salvar a humanidade? Na verdade, para salvar aquela meninha por quem éramos apaixonados!

Em nosso mundo racionalista, matemático e científico, a imaginação perdeu um pouco de espaço. Fica restrita à criança. Me parece que nem mesmo nossos adolescentes colocam as imagens em ação, permitindo a imaginação levá-los a diversos lugares. Certamente, fruto de uma geração que lê muito pouco ou quase nada.

Em seu prefácio ao livro “Trovão Inverso: O livro do apocalipse e a oração imaginativa”, o pastor Ricardo Barbosa diz:

A contribuição da cultura moderna para o estudo e a análise racional e sistemática de um texto foi fundamental para a igreja se libertar da tirania do obscurantismo da Idade Média. As ferramentas exegéticas e hermenêuticas ajudaram os cristãos a interpretar as Sagradas Escrituras e a compreenderem o que seus escritores realmente queriam dizer. Contudo, a consciência racional e científica moderna criou uma forma de atrofia para a imaginação e, consequentemente, uma compreensão limitada para a revelação bíblica”

O autor do livro, pastor Eugene Peterson, diz à frente:

Leio Apocalipse não para obter mais conhecimento, mas para reavivar minha imaginação.


Avivando nossa imaginação - Inventando uma história

Quero lhes pedir permissão para exercitar junto com vocês minha imaginação. Me permitam contar a história rápida, daquilo que imagino de um dos textos que mais me impactaram – mesmo antes de minha conversão – na Palavra do Senhor:

Ao anjo da igreja de Laodicéia escreva: “Estas são as palavras do Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o soberano da criação de Deus. Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente. Melhor seria que você fosse frio ou quente! Assim, porque você é morno, não é frio nem quente, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca.

Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo (Ap 3:14-22)
 
Enquanto conto essa história muitas coisas pessoais vão aparecer. Não me preocupo com isso. Podem ser coisas parecidas ou não com as suas, mas é aquilo que gostaria de falar.

Caminhe comigo e imagine a seu próprio momento nesse texto.

A minha ceia com Ele.

É tardinha

O sol vai se pondo. 

Estou em uma casa de campo. Sempre penso nesse encontro ocorrendo em uma casa de campo, rústica, quase como uma fazenda ou sítio. Estou sentado em uma sala, lendo algum livro, quando alguém bate à porta e chama meu nome.

Me levanto para atender. Completamente eufórico e assustado, coração batendo na ponta do nariz, vejo meu Senhor parado na entrada, sorrindo para mim e perguntando se podemos comer juntos.

Me lembro de quando era criança. Meus avós maternos moravam em iguaba gande, para onde minha família ia todo fim de semana. Era um lugar rural naquela época – já se vão 30 anos!. Nesse tempo, era comum que o programa “Fantástico”, da rede globo, exibisse noticias sensacionalistas. Histórias de lobisomens eram comuns! E, era sempre em Iguaba - deserta àquela época - que eu assistia as reportagens.

Confesso que sempre que alguma reportagem sobre Jesus era exibida, me vinha um medo de encontrá-lo.

Agora, com Ele à porta, me lembro desse medo. Mas percebo que se tornou uma reverência profunda por aquele homem-Deus parado na porta.

Sem saber se choro, rio, canto ou me ajoelho, digo balbuciando que sim, Ele pode entrar. 

Como Marta, fico logo ansioso, preocupado com o que irei oferecer ao Rei dos Reis. Não tenho nada à altura. Mas ele traz um pacote, de onde tira o pão mais maravilhoso com já pude ver e sentir o aroma, bem como uma garrafa do melhor vinho que já existiu. Me lembro do texto da ceia, (Mat 26:29) Mas digo-vos que desde agora não mais beberei deste fruto da videira até aquele dia em que convosco o beba novo, no reino de meu Pai.

Hoje, ele irá beber comigo.

Como filho de meu tempo, minha imagem física de Jesus é que foi criada na arte da Idade Média: Um homem forte, de cabelos longos e barba. É assim que o vejo nesse jantar.

Pego duas taças de vinho e pratos para comermos o pão. Nos sentamos à mesa. Seu olhar vai muito além do que palavras podem descrever. Uma firmeza assustadora de propósito. Ao mesmo tempo, uma ternura que só vi parecida nos olhos de meus pais.

O que digo nessa hora? Há algo a dizer? Certamente, milhares de perguntas:
- Por que tanto sofrimento, seu e nosso? Por que nem todos serão salvos? Por que tantas guerras? Por que tanta violência nas cidades? Por que tanta ganância das autoridades? Por que tantos pobres e miseráveis, tanta doença?

Certamente sua resposta seria fundamentada no pecado. Eu sei disso. Por isso, perguntas não têm lugar nessa conversa.

Eu só quero dizer três coisas:

1 – Me perdoa, Senhor!

Não tanto pelos pecados que cometi antes de Te conhecer. Eu era cego, surdo e mudo, morto para uma vida contigo.

Peço perdão para o que mais me dói. Pelos pecados que continuei a cometer mesmo depois de conhecer. Me envergonho demais disso!

Perdão porque muitas e muitas vezes minhas prioridades foram egoístas. Só pensei em mim. Não pensei em minha família, minhas enteadas, filha e esposa. Elas ficaram atrás de minhas prioridades. Meus pais, irmãs, avós, tios... Todos estiveram muitas vezes abaixo das prioridades que elegi para mim: Um bom emprego, dinheiro para uma vida mais segura e confortável, status, e reconhecimento de amigos e pessoas de destaque.

Um grande amigo adoeceu e morreu, e só o vi à beira da morte, porque não tive a prioridade certa! Nossa vida seguiu, correria para os dois, e não nos vimos nem nos falamos mais por telefone. Eu sabia que ele estava doente, mas não dei a devida atenção. 

Até que era tarde demais.

Mesmo o Senhor não foi minha prioridade todos os dias de minha vida!

Perdoa Senhor, porque não percebi a necessidade de gente que estava bem próxima a mim. Agi muitas e muitas vezes como o sacerdote e o levita daquela parábola que o Senhor contou. Usei aquilo que o Senhor me deu: saúde, dinheiro e tempo, para outras coisas, enquanto à minha volta muitos estavam com fome, sem condições mínimas para uma vida humana aceitável.  

Comprei carros caros, quando podia ter comprado carros mais baratos.  Poderia ter usado, como bom mordomo, o restante do dinheiro para ajudar meu irmão. Roupas e acessórios foram mais importantes que pão e leite na mesa das pessoas.

Me perdoa porque tive muita dificuldade em perdoar. Muita mesmo. Não percebi, nos momentos em que fui alvo do pecado dos meus irmãos, o quanto o Senhor já havia me perdoado, e continuava a me perdoar. Minha honra, ou seja lá o que for, foi mais importante do que obedecer ao Senhor e perdoar, assim como fui e era perdoado. 

Senhor como isso era e é difícil para mim. Acho que no fim das contas, continuava achando que eu era a coisa mais importante do mundo, o centro de tudo. Assim, se fosse magoado de alguma forma, isso era quase que uma afronta ao maior ser humano de todos. Quanto arrogância!

Me perdoa, enfim, Senhor, porque o Senhor não foi, na maioria das vezes, o centro do meu universo. 

Por isso, todos os outros pecados. 

Mesmo quando eu ia à igreja, estava no meio da comunidade, muitas e muitas vezes o que me levou lá não foi a adoração genuína ao Senhor, mas a tentativa de parecer santo o suficiente para ser um deles. Meu coração não esteve sempre encharcado de temor, adoração e reverência, como está agora aqui junto contigo. 

Vezes sem fim, achei tudo muito igual, chato, sem perceber que o maior motivo de estar vivo era glorificar o Seu Nome e me alegrar dias após dia no Senhor. Mesmo que todos os meus dias fossem iguais, seriam, se tivesse percebido isso mais claramente, diferentes. Todos os dias haveria algo de novo do Senhor para minha vida e essa expectativa me permitiria viver muito melhor.

Posso, então, ouvir sua voz, gentil e poderosa, a dizer a mesma coisa que disse ao paralítico descido pelo telhado (Mc 2:5): Filho, perdoados são os teus pecados.

Eu apenas choro.

Comemos um pedaço de pão e tomamos um gole do vinho. Eu continuo:

2 – Obrigado, Senhor, por sua Graça.

Mesmo com todos esses pecados, anteriores e posteriores a ter te reconhecido como Senhor e Salvador da minha vida, o Senhor me amou e continuou me dando novas oportunidades.

Sua graça me permitiu ter uma boa família, pais, irmãs, esposa, enteadas e filha. Os mesmos que não priorizei, apesar de meus erros. Gente bonita, companheira.

Sua Graça me permitiu estudar. Fui além dos meus pais na formação que tive, pela bondade do Senhor através da vida deles. Sim, porque eles lutaram. E isso me permitiu ter um bom emprego. Entretanto, nada disso valeria algo se o Senhor não me desse saúde para trabalhar, de forma que eu pudesse ter até mais do que o pão de cada dia.

Sua graça me livrou de coisas que vi com meus próprios olhos e de coisas que nunca soube e só saberei na eternidade contigo. Acidentes, brigas, tiros. De tudo isso o Senhor me livrou e livra.

Sua graça me livrou de mim mesmo. Muitas vezes meus planos eram errados e minhas orações pediam coisas que não seriam boas para mim. O Senhor não permitiu que esses planos se cumprissem. Fechou portas, mudou coisas, moveu o mundo, para que meus desejos errados não me levassem a um caminho mal.

Eu reclamei um bocado de algumas coisas, mas o Senhor sustentou tudo, tudo, de forma maravilhosa! Seu plano nunca falhou e se cumpriu na minha vida, mesmo quando não entendia e não entendo.

Mais importante que tudo isso, Senhor.  

Apesar de merecer o inferno, a eternidade sem Tua presença, o Senhor me amou, morreu por mim e me escolheu para a Salvação. Bendito Seja o Teu Nome Senhor, porque me garantiu a eternidade junto a Ti. Coisa espetacular! Não estou mais solto no mundo, perdido em minhas angústias, mas o Senhor me comprou para Ti mesmo!

O Senhor me olha ternamente e diz: (Jo 15:9) Como o Pai me amou, assim também eu vos amei; permanecei no meu amor.


3 – Finalmente, Senhor, Eu te amo!

Por tudo isso que o Senhor fez. Por seu perdão, sua Graça, seu amor por mim. Não poderia responder de outra forma, Senhor Jesus, do que dizendo: Eu te amo!

Mesmo sendo pecador, ainda cometendo pecados, minha alma está apegada ao Senhor. Eu olho toda a Sua criação e te louvo. Meu amor aumenta quando posso ir a uma praia e ver o pôr do Sol. Que Deus maravilhoso criou isso? Que artista perfeito fez toda essa perfeição para mim? O Meu Senhor! Ele criou todas essas coisas, para que o Nome Dele fosse engrandecido e para que nós, criados a sua imagem e semelhança, pudéssemos nos regozijar.

Senhor, Eu te amo! Meu coração se envergonha quando erro, porque eu te amo e não quero te entristecer com meu pecado. Senhor, por causa desse amor por Ti, e por quem Você é, eu quero ser perfeito, santo.

Quero poder congregar com meus irmãos e te louvar não por um compromisso social, não para ser aceito no meio deles. Quero levantar minhas mãos como reflexo de meu coração que te ama! Quero cantar às nações o quão grande o Senhor é! Sim! O Senhor é grande. 

Sê exaltado na minha vida Senhor. Que meus atos possam refletir esse amor. Por favor, me ajude a me arrepender todas as vezes que errar, mesmo que sejam muitas. Me ajude a sempre, sempre, ter um coração grato por tudo, na alegria ou na tristeza.

Senhor, eu te amo. E não descansarei até aquele dia, quando o Senhor me dará um novo corpo, livre do pecado que me assedia, e poderei ser perfeito na Sua presença. Ah, que dia mais ansiado. Sim, que meu único anseio seja a chegada desse dia!

Que meu amor por ti seja forte o suficiente para viver uma vida de plenitude em Tua presença. E que essa plenitude seja baseada somente em Ti, e não nas coisas vãs que o mundo oferece.

Eu te amo Senhor, te amo!

Despedida 

Jesus me olha profundamente. Que olhar era aquele? Eu me quedo, ajoelhado diante Dele, que me levanta e me abraça.

Quanto tempo dura esse abraço em minha imaginação, não sei. Mas é a melhor coisa que sou capaz de imaginar.

Minha história é mais ou menos assim.

No texto

Eu não acho coincidência que esse texto esteja inserido na passagem de apocalipse. Só uma vida de arrependimento, gratidão e amor profundo ao nosso Senhor pode nos livrar de sermos mornos, de estarmos salvos na igreja para sermos apenas passageiros na história. De virmos domingo após domingo apenas para um evento social.

Só essas coisas nos levarão a uma vida de santidade, que não negocia nada que vá desagradar ao Senhor, objeto de nosso mais profundo amor!

Só essas coisas nos mostrarão que a riqueza não está nas posses, mas no ouro que apenas o Senhor tem para nós: a Sua presença. Arrependimento, ação de graças e amor ao Senhor nos permitirão ter vestes brancas e vivermos uma vida de santidade. Mesmo que caiamos, isso nos trará de volta rapidamente ao Senhor. Nossos olhos, limpos pelo colírio dEle, poderão ver as coisas da maneira correta, que é a maneira de Sua Palavra e não a nossa.

Ele disciplina a quem ama, como diz o texto. Aonde o Senhor tem te disciplinado? Fique firme! Leve as coisas do Senhor a sério, e viva uma vida de arrependimento, de gratidão e de amor a Ele.

O mais interessante dessa passagem é que o Senhor bate à nossa porta todos os dias. Não é preciso esperar mais. Se você ainda não o recebeu como Senhor e Salvador, faça isso hoje, agora! Não deixe para amanhã. Se você já O tem como Senhor de sua vida, viva essa vida plena em Sua presença.

Arrependimento, gratidão e amor a Ele, são possíveis hoje, na história de cada um de nós. Não precisa ser apenas fruto da minha imaginação.

Ele está à porta hoje.